Lusa
07 Mai, 2013, 07:49
O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, confirmou hoje à agência Lusa as acusações de espionagem feitas à Austrália relacionadas com acesso a informação confidencial durante as negociações sobre o gás e o petróleo do Mar de Timor.
"Eu não teria tomado nenhuma decisão tão grave se não tivesse bases sólidas. Não gosto de brincar. Eu sou assim, não tomo decisões de ânimo leve", disse Xanana Gusmão, quando questionado pela Lusa sobre aquele assunto.
Em causa está o Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS, sigla em inglês) assinado pelos dois países em 2007 para facilitar a exploração de gás e petróleo no Mar de Timor, na zona fora da Área Conjunta de Desenvolvimento do Petróleo (JPDA).
O tratado possibilita que Timor-Leste ou a Austrália o denunciem caso não tenha sido aprovado o Plano de Desenvolvimento do Greater Sunrise seis anos após ter entrado em vigor, prazo que terminou em fevereiro.
No final de abril, Timor-Leste enviou uma notificação a Camberra, onde afirmava que o tratado entre os dois países era inválido porque a Austrália tinha feito espionagem durante as negociações do mesmo.
Na acusação, Timor-Leste refere que os negociadores australianos tinham na sua posse informação confidencial, relevante para os negociadores timorenses.
Em comunicado divulgado à imprensa, a semana passada o governo australiano recusou negar ou confirmar as acusações de espionagem, acrescentando que sempre conduziu as negociações do CMATS com boa-fé.
"Tentamos levar a outra parte à razão, não consegui. Sempre disse só há dois caminhos: ou nos sentamos, falamos e resolvemos as coisas ou temos um caminho longo", disse Xanana Gusmão no final de um encontro com o Presidente timorense, Taur Matan Ruak.
Nas declarações à Lusa, o primeiro-ministro timorense disse também que vai aguardar a resposta que as autoridades australianas ficaram de enviar a Timor-Leste, sublinhando que quem tornou o assunto público foi a Austrália.
A exploração do Greater Sunrise, campo de gás, criou um impasse nas relações entre a petrolífera australiana Woodside e as autoridades de Timor-Leste.
Enquanto a empresa australiana defende a exploração numa plataforma flutuante, Timor-Leste insiste na construção de um gasoduto para permitir desenvolver a costa sul do país.
Mesmo que o tratado seja denunciado, os contratos de exploração do Sunrise continuam em vigor e, se a produção no Greater Sunrise começar, o CMATS volta a entrar imediatamente em vigor, a não ser que modificações tenham sido negociadas.
No tratado, que impede a definição de fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália durante um período de 50 anos, ficou especificado que cada um dos países recebe metade das receitas de exploração do Sunrise.
Além do CMATS, a exploração do gás e petróleo no Mar de Timor é também regulado pelo Tratado do Mar de Timor e pelo Acordo Internacional de Unificação.
RTP Noticias
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